CONFLITO:
O
conflito surge quando há a necessidade de escolha entre situações que podem ser
consideradas incompatíveis.
Todas
as situações de conflito são antagônicas e perturbam a ação ou a tomada de
decisão por parte da pessoa ou de grupos. Trata-se de um fenômeno subjetivo,
muitas vezes inconsciente ou de difícil percepção. As situações de conflito
podem ser resultado da concorrência de respostas incompatíveis, ou seja, um
choque de motivos, ou informações desencontradas.
Kurt
Lewin define o conflito no indivíduo como "a convergência de forças de
sentidos opostos e igual intensidade, que surge quando existe atração por duas
valências positivas, mas opostas (desejo de assistir a uma peça de teatro e a
um filme exibidos no mesmo horário e em locais diferentes); ou duas valências
negativas (enfrentar uma operação ou ter o estado de saúde agravado); ou uma
positiva e outra negativa, ambas na mesma direção (desejo de pedir aumento salarial
e medo de ser demitido por isso)".
Salvatore
Maddi classifica as teorias da personalidade segundo três modelos, um dos quais
o de conflito. Esse modelo supõe que a pessoa esteja permanentemente envolvida
pelo choque de duas grandes forças antagônicas, "que podem ser exteriores
ao indivíduo (conflito entre indivíduo e sociedade) ou intrapsíquicas (forças
conflitantes do interior do indivíduo que se dão, por exemplo, entre os
impulsos de separação, individuação e autonomia e os impulsos de integração, comunhão
e submissão)".
O
conflito, no entanto, pode ter efeitos positivos, em certos casos e
circunstâncias, como fator motivacional da atividade criadora.
O
conflito em algumas escolas da sociologia é enxergado como o desequilíbrio de
forças do sistema social que deveria estar em repouso, isto é, equilibrado,
quanto à forças que o compõe. Segundo esta teoria, não se enxerga mais o grupo
como uma relação harmônica entre órgãos, não suscetíveis de interferência
externa.
Os
conflitos, para ter uma solução pacífica, devem ter todos os meios possíveis de
negociação de controvérsias, estas, precisam ser executadas com diplomacia,
bons ofícios, arbitragem e conciliação.
Como
se observa, a existência de conflitos pode ser prejudicial às pessoas e às
equipes, mas também podem ser benéficos, conforme a situação e conforme a
maneira como eles são tratados. Na área de elaboração e gestão de projetos, que
geralmente é feito por uma equipe, não há como
desconsiderar a importância do reconhecimento e do tratamento dos conflitos.
NEGOCIAÇÃO:
Toda negociação tem um ou mais objetivos e estes objetivos
podem ser categorizados como ideais, realistas e prioritários. Os objetivos
ideais são aqueles que poderiam ser concretizados caso o lado oposto da
negociação estivesse de acordo com o que é pedido. Ambas as partes da
negociação podem oferecer resistência aos objetivos realistas de uma das partes
e através de negociações exaustivas busca-se atingir um consenso sobre as
prioridades de ambos os lados.
As negociações acontecem no momento em que as partes
envolvidas estejam dispostas a realizar uma troca, ela acontece o tempo todo em
torno deste princípio, de acordo com a regra de que é preciso dar poder antes
de receber. O seu ponto chave está nas concessões, e na premissa de que ambas
as partes devem obter vantagens delas.
Alguns termos classificam os resultados das negociações, que
podem ser ganha/ganha, ou perde/perde. Parte-se do principio de que em nenhuma
negociação perde/ganha há uma vitória propriamente dita.
Um dos fatores críticos de sucesso para o bom resultado de
uma negociação é que ambas as partes tenham bem definidas os objetivos
realmente necessários dos que são resultados de um desejo e portanto objetivos
pessoais. Os adversários devem se perguntar o que realmente é um objetivo que
guiará o objetivo comum e quais que se não obtidos não influenciariam, ou
influenciariam pouco no resultado final buscado pelo grupo.
Ainda, temos a
definição de vários autores sobre a negociação:
·
"Negociação é o
uso da informação e do poder com o fim de influenciar o comportamento dentro de
uma rede de tensão". (Cohen, 1980)
·
"Negociação é um
processo que pode afetar profundamente qualquer tipo de relacionamento humano e
produzir benefícios duradouros para todos os participantes". (Nierenberg,
1981)
·
"Negociação é um
processo de comunicação bilateral, com o objetivo de se chegar a uma decisão
conjunta". (Fisher e Ury, 1985)
·
"Negociação
implica caracteristicamente uma troca de dar e receber entre negociador e o
oponente, que tentam chegar a uma conclusão agradável ou aceitável no ajuste de
um problema ou disputa". (Sparks, 1992)
·
"Negociação é o
processo de comunicação com o propósito de atingir um acordo sustentável sobre
diferentes idéias e necessidades". (Acuff, 1993)
·
"Negociação é um
processo no qual as partes se direcionam de suas posições divergentes para um
ponto em que se possa alcançar um acordo". (Steele, Murphy e Russill,
1995)
·
"Negociação é uma
atividade que envolve um elemento de negócio ou barganha, que permite que ambas
as partes alcancem um resultado satisfatório". (Hodgson, 1996)
·
"Negociação é um
conceito em contínua formação que está amplamente relacionado à satisfação de
ambos os lados". (Scare e Martinelli, 2001)
·
"Negociação é uma
troca de convencimentos, onde uma parte persuade a outra apresentando os
benefícios mais relevantes em relação ao ponto de vista defendido". (Paulo
Ricardo Mariotini, 2010).
Do exposto acima, nas várias definições de negociação, se
observa que o assunto é bastante importante na vida das pessoas e das
organizações, nas diversas situações que se apresentam no dia-a-dia. Desta forma,
alertamos o aluno, que o assunto deveria ser tratado com tal importância, que
não só direcionado ou focado para a área empresarial, no caso em pauta,
elaboração e gestão de projetos, mas sim, para seu uso pessoal, familiar,
profissional, etc.
ORIGEM DOS CONFLITOS
Um conflito é inevitável e dele se pode tirar proveito, se
bem conduzido. Ele permite obter novas informações e alternativas, desenvolver
melhores soluções para os problemas e construir novas formas de uma equipe
atuar conjuntamente em prol dos objetivos desta equipe.
A seguir, ainda segundo os autores veremos as fontes de
conflitos em um projeto e como lidar com elas. De antemão, é importante saber
que os conflitos podem surgir entre os membros de uma equipe, com o próprio
gestor (ou gerente) do projeto e até mesmo com o cliente de um projeto. Abaixo,
citam-se as fontes possíveis de conflitos:
ESCOPO DO TRABALHO:
Os conflitos podem ser motivados por diferenças de opiniões
sobre como o trabalho deve ser feito, sobre as metas envolvidas (quanto do
trabalho) ou sobre a qualidade (nível ou especificação).
Sendo o escopo uma das questões iniciais (e vitais) a serem
definidas em um projeto, e se ocorrerem conflitos relacionados a ele (escopo),
certamente o desenvolvimento do projeto será altamente problemático, com altos
riscos de os objetivos não serem alcançados.
ATRIBUIÇÕES DE RECURSOS:
As pessoas que são designadas para uma certa tarefa, poderão
não aceitar as mesmas (não aderirem) e também poderão reclamar sobre os
recursos disponibilizados a elas, para a realização desta tarefas. Por exemplo,
podemos citar os recursos humanos, os financeiros, a tecnologia e a
infra-estrutura (prédios, comunicações, etc.)
CRONOGRAMA:
Pessoas podem divergir sobre o tempo total de uma certa
tarefa ou conjunto de tarefas e também podem divergir sobre a sequencia das
mesmas. A divergência pode ocorrer entre os membros da equipe, entre a equipe e
o gestor de projeto e até mesmo envolvendo o cliente.
Este conflito ou problema ocorre com certa frequência, não necessariamente
na fase de contratação em que o valor deve ser acertado entre as partes. Mas
pode ocorrer durante o desenvolvimento do projeto, em que um atraso no mesmo
pode provocar custos adicionais. A questão pode ser: quem arcaria com estes
custos? Evidentemente, que este possível conflito pode ser eliminado ou
amenizado, mediante um contrato bem detalhado entre as partes, ainda que mesmo
com um bom contrato, fatos imprevistos podem ocorrer e gerar este conflito.
PRIORIDADES:
Pode ocorre esta situação, quando pessoas são designadas para
mais de uma tarefa simultaneamente, em que devem decidir qual a prioridade de
atuação. Também pode ocorrer quando várias pessoas disputam um certo recurso
necessário a certas tarefas. Por exemplo, a utilização de um veículo, de
pessoas necessárias a uma tarefa, etc.
QUESTÕES ORGANIZACIONAIS:
Esta variável apresenta também a possibilidade de um conflito
na equipe, pois as pessoas podem divergir sobre os procedimentos, métodos e
técnicas de trabalho para atingirem certas tarefas ou metas do projeto. Fonte
possível nesta variável também pode ser a falta de comunicação (e o conjunto ou
a qualidade das informações) entre a equipe ou envolvendo o gerente do projeto.
Também, o estilo de liderança do gestor pode influenciar para que a comunicação
e a gestão de informações seja falha e gere divergências.
DIFERENÇAS PESSOAIS:
Preconceitos ou diferenças de valores e atitudes pessoais,
neste caso, podem gerar conflitos na condução do projeto, prejudicando
sobremaneira os resultados a serem obtidos no mesmo. Neste caso, a equipe na
fase inicial de montagem deveria realizar exercícios de reconhecimento destas
diferenças, no sentido de obter-se o respeito às estas diferenças, bem como uma
certa harmonia no grupo.
GESTÃO DE CONFLITOS
As pessoas quando estão vivenciando um certo conflito, agem
de acordo com alguns padrões de comportamento.
EVITANDO OU CONCORDANDO:
As pessoas nesta situação se retratam para evitar um
desacordo real ou em potencial, no entanto, esta atitude pode gerar logo
adiante, a uma situação de real conflito e grandes prejuízos para a condução do
projeto.
COMPETINDO OU COAGINDO:
As pessoas entendem um conflito como um processo em que um
ganha e o outro perde. Ganhar é mais importante do que o resultado para ambas
as partes e esta pessoa tenta controlar exercendo autoridade e pressão
constante sobre a outra.
Acomodando ou conciliando-se:
Neste caso, as pessoas envolvidas buscam áreas de
“acomodação” no contexto do conflito, provocando uma diminuição do valor de
ocorrer a discussão das diferenças. Assim, certos assuntos serão “proibidos” de
serem abordados e esta forma de abordagem das pessoas prioriza o valor dado á
relação entre as pessoas, em relação à resolução da questão em si. Embora o
conflito possa ser amenizado e a situação ser suportável, a questão não fica
resolvida.
FAZENDO CONCESSÕES:
Os membros da equipe, neste caso, procuram uma posição
intermediária, com o objetivo de alcançarem uma solução que propicie algum
ganho ou satisfação para as partes envolvidas. Também, nesta abordagem, a
solução pode não ser a ideal para o projeto, mas de certa forma “acomoda” o
conflito ou a divergência sobre algo (meta, processo, etc).
COLABORAÇÃO, CONFRONTAÇÃO OU RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS:
Esta é a abordagem que as pessoas fazem em conflitos que pode
gerar os melhores resultados para todos envolvidos, bem como os resultados a
serem alcançados pelo grupo. O problema é enfrentado com coragem, de forma
direta e de forma que se possa chegar a um resultado em que todos saiam
ganhando. Cada pessoa deve abordar a situação conflituosa com uma atitude
construtiva e com estímulo original da boa-fé com os demais. As diferenças são
trabalhadas e concessões são feitas (cada um se dispõe a mudar ou redefinir sua
posição e opinião) e isto só pode ocorrer, se houver um ambiente saudável.
Naturalmente que este ambiente saudável e propício a este encaminhamento deverá
ter a participação efetiva do gestor do projeto, na qualidade de um verdadeiro
líder, com a também participação efetiva dos envolvidos no conflito, com o
mesmo espírito de colaboração e participação.
Neste contexto de abertura das pessoas umas com as outras, de
forma gentil, honesta e sincera, pode ocorrer aumento das diferenças entre os
membros, onde estas diferenças se transformariam em argumentos emocionais.
Aqui, portanto, cabe um equilíbrio emocional das pessoas, pois se de um lado,
excesso de emoção pode provocar um distúrbio para o alcance da eliminação do
conflito, por outro lado, ausência de emoção pode também diminuir este processo
de comprometimento de alcance da solução do desentendimento.
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