TRANSPORTE FERROVIÁRIO
A
característica principal desta modalidade de transporte é se deslocar sobre
trilhos. Onde não existem trilhos, as composições não chegam. O mais freqüente
é o tipo de composição em que um veículo de tração (locomotiva) reboca outros
veículos de carga (vagões). As locomotivas no Brasil são impulsionadas em sua
maioria por motores à diesel. Existem composições com uma ou mais locomotivas,
dependendo da carga, do traçado e da topografia do trecho a ser percorrido.
Segundo a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), a
malha ferroviária brasileira atinge 29.706 km de extensão, o que representa
menos de 10% da malha norte-americana, cujo território é equivalente ao
brasileiro. Ou ainda, é igual a malha japonesa cuja extensão territorial é 22
vezes menor que o Brasil (Guia Log). No final da década de 1950, a malha
ferroviária do Brasil atingia 38.000 km (ANTF). Mesmo assim, o sistema
ferroviário brasileiro responde por 21% do total da carga transportada no
país, representa o maior sistema da América Latina e o sétimo do mundo em
volume de carga (ANTT).
A matéria prima das estruturas, as chapas e perfis de aço, são
transportados em grande parte por ferrovias a partir das usinas siderúrgicas.
Entretanto, isso não significa necessariamente que esta modalidade será a mais
adequada para o transporte das estruturas produzidas a partir daqueles
materiais. Uma característica do transporte ferroviário é a formação das
composições, ou seja, o carregamento dos diferentes vagões em conjunto com uma
ou mais locomotivas. O tempo despendido nesta operação pode variar bastante e
atrasar o transporte das peças.
O transporte ferroviário será utilizado com vantagens em obras de
viadutos e de passarelas sobre a linha férrea. Quando o local possuir duas
linhas paralelas, o guindaste ferroviário será posicionado numa das linhas e a
outra será utilizada para levar as peças da estrutura sobre uma composição. O
guindaste ocupará a posição mais favorável para a montagem, e as pranchas
ferroviárias com as peças serão movidas para próximo dele.
Os vagões mais utilizados para o transporte de produtos
siderúrgicos são as plataformas convencionais com piso metálico e eventualmente
os do tipo gôndola.
PLATAFORMA DE PISO METÁLICO
Estes vagões são formados por uma plataforma plana horizontal
dotada de barras verticais espaçadas em toda a volta (fueiros). Principais
características:
• Tara – 16t
• Lotação Nominal – 64t
• Largura Útil– 2,497m
• Comprimento Útil – 13,850m
• Altura do piso ao trilho – 0,951m
• Altura Útil sobre a plataforma – 1,300m.
GÔNDOLA COM BORDAS TOMBANTES
Estes vagões são formados por um piso plano cercado de laterais
móveis. Principais características:
• Tara – 14,2t
• Lotação Nominal – 49,8t
• Largura Útil– 2,40m
• Comprimento Útil – 12,00m
• Altura do piso ao trilho – 0,996m
• Altura Útil da caçamba – 0,804m.
Os demais tipos de vagões não se aplicam ao transporte de
estruturas em aço.
Nota-se que as dimensões das plataformas são aproximadamente
iguais as carretas rodoviárias, mas com uma capacidade de carga bem superior.
Quando o tipo de carga possuir pequeno índice de vazios (como chapas de aço
planas empilhadas umas sobre as outras), o transporte ferroviário será mais
eficiente que o rodoviário. Neste caso, a capacidade será limitada pelo peso e
não pelo volume. Uma carreta rodoviária transportará no máximo uma pilha de
12 chapas de 9,5x2440x12000mm, por exemplo, que pesam no total aproximadamente
26t. A plataforma ferroviária transportará 29 chapas (63t), sem que se
ultrapassem seus limites de dimensões ou de peso.
Entretanto, deve-se considerar que este tipo de peças formado por
chapas planas, são aplicáveis a um número restrito de estruturas. Na sua grande
maioria, as peças das estruturas serão bem diferentes, com grande índice de
vazios. Uma análise da viabilidade de se adotar o transporte ferroviário em
prejuízo do rodoviário certamente passará pelo aspecto econômico.
TRANSPORTE MARÍTIMO
O tipo de carga formado pelas estruturas dificulta a unitização da
carga. Como unitização entende-se a formação de fardos de carga, reduzindo o
número de operações de carga e descarga. Exemplo de unitização são os
contêineres, que comportam em torno de 22 toneladas de pequenos volumes, que de
outra forma seriam descarregados manualmente. O contêiner evita estas operações
manuais, especialmente nos transbordos, limitando a carga e descarga manuais
somente na origem e no destino final. Entretanto, as peças das estruturas
raramente serão acondicionadas em contêineres comuns.
Uma maneira viável de utilização do transporte marítimo para as
estruturas em aço, seria o transporte por meio de navios cargueiros
convencionais ou multipurpose, na navegação de cabotagem ao longo da costa, ou
mesmo na exportação. Para a navegação de cabotagem se tornar viável para o
transporte de estruturas, deverá ser entre estados da federação distantes o
suficiente para compensar os custos portuários, ou que sejam inacessíveis por
via rodoviária ou ferroviária.
A grande cabotagem, ou exportação de estruturas por via marítima
para países do Mercosul, também será viável quando atender a cidades dotadas de
portos ou próximas destas.
Nesta modalidade ocorre um período considerável do tempo de
transporte em que a empresa que contratou o frete das estruturas não possui
controle sobre a carga. No transporte rodoviário, por exemplo, este período é
unicamente o do trajeto do veículo entre a fábrica e a obra (considerando-se o
transporte realizado por terceiros), pois as operações de carga e descarga são
realizadas pela empresa fabricante ou pela montadora. No caso do transporte
marítimo, são os portos com seu equipamento e pessoal que executarão as
operações de carga e descarga dos navios e não a construtora. Os possíveis
períodos de espera por disponibilidade de vaga nas docas, no cais, de
equipamentos e também de pessoal devem ser considerados quando da análise de
viabilidade da modalidade de transporte marítimo. Isto se aplica de certa forma
também ao transporte ferroviário.
Deve-se levar em conta nesta análise os custos portuários, que
incluem as operações de carregamento e descarregamento, além da manobra e
estacionamento do navio, que deverão ser somados aos custos da embarcação no
trajeto.
Devido ao tipo de carga formado pelas estruturas (não unitizada),
os custos serão proporcionalmente maiores, pelas dificuldades que representa.
Outro aspecto a ser considerado na adoção do transporte marítimo são as
avarias passíveis de ocorrer nas peças mais delicadas, principalmente arranhões
na pintura e empenamentos.
É interessante notar que os perfis e as chapas de aço, principais
matérias primas das estruturas, são exportadas e importadas, via marítima, num
constante fluxo entre países dos cinco continentes. Porque esta facilidade não
é aplicável às estruturas? Isto se deve ao índice de vazios. Bobinas de chapas
e feixes de perfis formam cargas unitizadas, de elevado peso, com fator de
estiva (proporção entre volume e peso) bastante favorável.
As estruturas não possuem necessariamente as mesmas
características da matéria prima. Uma viga de edifício que tenha uma chapa ou
cantoneira de ligação não poderá formar feixes com outras vigas (como o perfil
que lhe deu origem), devido a dificuldade de se aproximar uma da outra
representada pelas chapas de ligação agregadas à peça. Outro caso típico são as
treliças formadas por cordas, montantes e diagonais soldadas na fábrica, que
além de possuírem elevado índice de vazios, não resistem bem a esforços
ortogonais ao plano da peça. Além disso, os montantes e diagonais são
freqüentemente formados por pequenos perfis, que podem facilmente ser amassados
por impactos ou grandes cargas pontuais provocadas por empilhamento excessivo.
Quando os custos de transporte são significativos, como no caso
de transporte marítimo de longo curso, as peças devem ser o mais possível
unitizadas, formando feixes ainda dentro da fábrica. No caso citado de uma
treliça, o mais adequado é o envio das peças (montantes, cordas e diagonais)
separadamente, para serem parafusadas ou mesmo soldadas no canteiro. Esta
providência significa menor índice de vazios além de uma maior proteção contra
empenamentos visto que nos feixes, as peças são firmemente amarradas umas as outras,
formando uma unidade solidária, onde a resistência do conjunto protege cada
elemento que o constitui.
TRANSPORTE FLUVIAL
Apresenta problemática semelhante ao transporte marítimo com fins
de utilização no transporte de estruturas. Ou seja, esta modalidade é porto a
porto, e não porta a porta como o transporte rodoviário. O transporte fluvial é
feito através de hidrovias. Entende-se por hidrovia os caminhos navegáveis
interiores, artificiais ou não, com infraestrutura mínima de portos e cartas
de navegação, que permitam a um determinado tipo de barco transitar com
segurança.
O Brasil possui uma distribuição desigual de vias navegáveis,
estando a maior parte localizada no centro-norte do pais. Infelizmente, o
maior volume de cargas se situa no centro-sul, o que traz uma utilização
relativamente baixa desta modalidade de transporte em comparação com outros
países.
Principais Hidrovias do Brasil:
• Araguaia-Tocantins – 1100 km;
• São Francisco – 1300 km;
• Madeira – 1500 km;
• Tietê-Paraná – 1250 km;
• Taguari-Guaíba – 686 km.
O transporte hidroviário depende de outras modalidades terrestres
nos pontos de transbordo, o que prejudica sua utilização para o transporte de
estruturas em aço, devido aos danos causados por repetidas operações de carga e
descarga. Por outro lado, pontos distantes do território nacional são
atendidos somente por esta modalidade, o que possibilita a integração destas
áreas ao comércio de mercadorias.
Esta modalidade também é utilizada em combinação com o transporte
marítimo, dependendo do acesso ao oceano, do calado permitido no trajeto e
nos portos de destino. Outra característica do transporte por hidrovia é a
baixa velocidade, associada entretanto, com elevada capacidade de carga (1.500
toneladas em algumas barcaças) por um baixo custo.
Algumas hidrovias dependem do volume de água da estação das chuvas
para se tornarem navegáveis, o que não permite o transporte em qualquer época
do ano.
Outro modo de transporte hidroviário é o transversal, ou seja, a
utilização de balsas e barcaças na travessia de cursos d’água não servidos por
pontes, em rodovias. Os veículos rodoviários são transportados sobre as balsas
para o outro lado, onde a estrada continua. Neste tipo de transporte intermodal
não ocorre o transbordo da carga, o que é benéfico para a estrutura, evitando
danos.
TRANSPORTE AÉREO
O transporte por aviões é muito pouco utilizado para enviar as
estruturas em aço da fábrica para o canteiro. Mesmo que seja utilizado, devido
a suas limitações, a quantidade de estruturas será pequena, sem considerar os
elevados custos relativos. Em casos excepcionais, de emergência, recorre-se ao
transporte aéreo para o envio de peças pequenas destinadas a obras muito
distantes, sempre que a rapidez for decisiva não importando os elevados custos.
Em determinadas obras de montagem em países de grandes extensões
territoriais, em áreas de topografia acidentada ou inacessíveis por outro
meio, são utilizados helicópteros para o transporte de estruturas. Casos
típicos são as torres de transmissão de energia elétrica, que atravessam
regiões acidentadas não servidas por estradas regulares, nem passíveis de
serem acessadas por caminhos provisórios. Nestes casos, será criado um entreposto
de pré-montagem em um ponto estratégico, o mais próximo possível dos locais de
montagem de algumas torres. As torres ou partes de torres serão içadas no
entreposto, transportadas até o ponto onde estão suas fundações e então
montadas pelo próprio helicóptero especial de alta capacidade.