INTRODUÇÃO
Toda
atividade de engenharia deve ser executada seguindo um planejamento previamente
elaborado e dentro dos parâmetros contidos em um orçamento detalhado. Neste
capítulo será abordada a montagem de estruturas sob os prismas econômico e
operacional. As obras de montagem de estruturas em aço devem possuir um
planejamento que dará origem ao orçamento itemizado e distribuído ao longo do
tempo. Este orçamento planejado será útil para atender a três objetivos
principais:
1.
Conhecimento dos recursos necessários a execução da montagem;
2.
Informações para o cálculo do preço de venda a ser apresentado numa proposta
comercial para o cliente;
3.
Facilitar o controle físico-financeiro durante a obra através de comparações
entre planejado e realizado.
Seria
desejável que as atividades de montagem se comportassem com certa regularidade
e que a partir de uma observação e anotações atentas se formasse um banco de
dados confiável baseado no desempenho das obras realizadas. Observa-se,
entretanto, que nem todos os funcionários possuem a mesma experiência, como
também nem todas as horas do dia são totalmente produtivas. Em certas ocasiões
toda a equipe está ociosa devido a chuva, em outras os soldadores estão parados
aguardando sua vez de atuarem. Observa-se que a quantidade de toneladas
montadas varia conforme o tipo de ligação, as condições do local, a região do
País, a época do ano, o tipo de peça montada neste período da obra, etc.
Não
se quer com isso afirmar a inviabilidade de se formar o citado banco de dados,
mas chamar a atenção para a dispersão das informações dele obtidas, que sempre
devem ser adotadas com cuidado. Somente com uma análise qualitativa criteriosa
feita por orçamentista experiente se pode extrapolar a produtividade de uma
obra realizada para outra ainda em análise. Mesmo porque é difícil se elaborar
orçamentos de obra que não sejam baseados em experiências anteriores. Por mais
original que seja certa estrutura, sempre se procurarão certas semelhanças com
outras para se ter um ponto de partida. Entretanto, se tais semelhanças forem
falsas ou irreais, os erros cometidos na elaboração do orçamento serão
equivalentes a aqueles que se cometem quando se parte de pouca ou nenhuma
experiência anterior. Ou seja, é preferível utilizar o bom senso ao se analisar
uma obra nova do que se servir de extenso banco de dados com informações inadequadas
para o caso. Sem se esquecer de que as melhorias devem ser sempre buscadas para
um aumento da competitividade da empresa frente as concorrentes, sendo
portanto, desejável em certos casos, que se adotem novos métodos de montagem
diferentes dos adotados nas experiências anteriores.
A montagem de estruturas é
uma atividade de risco. O montador deve possuir habilidades para galgar a
estrutura com desenvoltura. Sua tarefa é chegar primeiro onde ninguém jamais
esteve. Os riscos, entretanto, devem ser reduzidos ao máximo possível. O
engenheiro de montagem é o gerente do impossível, pois lida todo o tempo com
incertezas entre fatores intervenientes, muitos destes além de suas
possibilidades. Sua tarefa é trocar problemas por soluções. Possui duas
certezas: a primeira, de que o planejamento e o orçamento não serão cumpridos
à risca; a segunda, de que sem eles sua tarefa seria destinada ao fracasso.
Também aqui os problemas devem ser reduzidos a um mínimo inevitável. Os
orçamentos das obras de montagem são o reflexo da atividade em si: possui
riscos e incertezas o suficiente para que alguém se arrisque a executá-la sem
planejamento.
DEFINIÇÃO DO PROCESSO DE MONTAGEM
A fim de se
fazer uma primeira aproximação com fins ao orçamento e planejamento de uma
obra, é necessária a definição do processo de montagem. A especificação do
equipamento principal de içamento, a seqüência básica de progressão e a
existência ou não de pré-montagem constituem as principais características do
processo escolhido.
Para qualquer
obra existem vários fatores que podem interferir na escolha do processo de
montagem. Muitas vezes esta escolha fica limitada em face das dificuldades de
montagem ou devido ao seu alto custo, impondo condições que determinam ou
influem na elaboração do projeto. Esta definição deve ser fruto de cuidadosos
estudos, tendo-se em conta os equipamentos disponíveis, o acesso à obra, as
condições topográficas locais e o prazo desejado pelo cliente, a fim de se
obter a solução mais viável e econômica.
Processos de
montagem semi-mecanizados utilizando ferramentas manuais podem ser econômicos
em pequenas estruturas, mas impraticáveis em obras maiores. Por outro lado,
mobilizar uma grua de torre para utilizá-la por um período de poucos dias
também se mostra inviável pelos custos de mobilização. Deve-se procurar o
equilíbrio entre o porte da obra e os equipamentos principais de içamento,
devido a grande participação destes nos custos.
O orçamentista
deve dispor de informações à respeito do local da obra, sobre as condições
que encontrará na ocasião da montagem e outros detalhes da cidade. É
necessário levar em conta o tipo, as dimensões da estrutura, e as possíveis
interferências com outras operações. Com freqüência algumas proibições locais
limitam os horários de carga e descarga. Deve-se considerar ainda a influência
dos fatores climáticos no acesso dos equipamentos.
Estes dados devem ser obtidos de preferencia
em uma visita pessoal ao local da montagem. Alguns exemplos de informações
sobre o local:
(a) Espaço
físico e disponibilidade de área para o canteiro e para a estocagem de peças;
(b) Condições de
circulação de peças e equipamentos de montagem;
(c)
Disponibilidade de energia elétrica e água potável;
(d) Edificações
próximas;
(e)
Interferências aéreas, subterrâneas e na superfície;
(f)
Disponibilidade que materiais consumíveis no mercado local;
(g)
Disponibilidade de equipamentos para locação;
Para a escolha do processo de montagem
também são necessárias informações sobre a estrutura, como por exemplo:
(a) Estrutura
verticalizada ou horizontalizada;
(b) Colunas
engastadas ou rotuladas nas bases;
(c) Estruturas
aporticadas ou contraventadas;
(d) Ligações de
campo soldadas ou parafusadas;
(e) Vigas e
colunas de perfis de alma cheia ou treliçadas;
(f) Peça mais
pesada;
(g) Peça mais
longa;
(h) Maior
momento de tombamento;
(i) Prazo
exigido pelo cliente;
(j) Quantidade
de peças e peso total.
PLANEJAMENTO DE
MONTAGEM
O planejamento
da obra parte de uma listagem de todas as atividades necessárias à produção da
obra, a começar pelas mais gerais. Cada atividade principal poderá ser
sub-dividida em atividades menores, e assim cria-se um segundo nível, e assim
por diante. Esta a definição de quantos níveis o planejamento deve ter será
feita segundo a necessidade do orçamento. Cabe ao profissional de planejamento
discernir até qual nível de atividades representativas da obra se descerá sem
recair em superficialidades ou em detalhismo.
No nível inferior está a unidade básica
de trabalho que, que se chama “tarefa”.
Esta listagem de atividades poderá ser
apresentada na forma de uma estruturação hierarquizada, semelhante a um
organograma, chamada de Estrutura Analítica do Projeto. Para cada linha
horizontal da EAP, corresponderá a um nível de atividades.
SEQUÊNCIA DAS
ATIVIDADES
Após a definição
de todas as tarefas numa estrutura hierarquizada, o próximo passo será
organizar as tarefas em uma estrutura que identifique a sequência na qual elas
devam ser executadas. Além disso, existe uma inter-relação entre as atividades.
Certas tarefas só podem ser iniciadas quando outras estiverem concluídas.
Outras poderão ser iniciadas antes da conclusão total das anteriores. É
necessária também uma definição das relações entre as atividades indicando
quais atividades podem ser iniciadas a qualquer tempo ou dependem de outras de
alguma forma.
Esta rede com as
relações de predecessoras/sucessoras entre as atividades permite que
identifiquemos o caminho crítico da obra: seqüência de tarefas relacionadas
entre si que definem a duração total do projeto.
TIPOS DE RELAÇÕES ENTRE AS TAREFAS
a) FIM-INÍCIO: Esta é a relação padrão,
onde a atividade sucessora é iniciada logo que a predecessora é completada. Em
alguns casos, uma defasagem de tempo é adicionada, significando que a
atividade sucessora pode iniciar após um certo período de tempo do término da
predecessora.
b) INÍCIO-INÍCIO: data de início da
atividade sucessora depende da data de início da predecessora.
c) FIM-FIM: A data de término da atividade
sucessora depende da data de término da predecessora.
d) INÍCIO-FIM: O final da atividade sucessora
depende do início da atividade predecessora.
DURAÇÃO DAS ATIVIDADES
Como ponto de partida para o plano de montagem
pode-se quantificar a mão-de-obra necessária para cada atividade. A quantidade
básica será expressa em HomemXhora, (Hh), que expressa numericamente o consumo
total de horas trabalhadas por todos os operários envolvidos na execução das
atividades.
A duração de
algumas atividades depende do número de recursos alocados para a sua
realização. Suponhamos que o período de tempo necessário para que dois
operários completem uma atividade seja de 10 dias. Se aumentarmos o número de
operários para quatro, a atividade deverá durar apenas 5 dias. Neste tipo de
atividade, se modificamos os recursos alocados, modificamos a duração final da
atividade.
Outro aspeto que
comanda a duração final de uma atividade é o tempo disponível para a sua
realização. Como tempo disponível entendemos o número de horas da jornada de
trabalho e quantos dias por semana serão trabalhados. Dez funcionários
trabalhando 44 horas semanais, significam 440 Hh disponibilizadas por esta
equipe em uma semana.
Para cada
atividade existe uma quantidade adequada de liderados por mestre e assim,
define-se o tamanho da equipe básica. A equipe básica de montagem, ou seja, o
pessoal necessário para o içamento e posicionamento das peças será composta
pelo mestre ou encarregado, pelos profissionais envolvidos (montadores, soldadores,
maçariqueiros, etc.) e um certo número de ajudantes. Haverá uma equipe para
cada equipamento de montagem, por exemplo: Para cada guindaste existirá um
mestre, dois a quatro montadores sobre a estrutura, eventualmente dois
soldadores além de dois ou três ajudantes para estropar as peças no solo.
À partir de
dados históricos e do banco de dados da empresa, determina-se quantos Hh serão
necessários para cada atividade.
A melhor maneira de se aferir a produção
da equipe será conferindo a quantidade de estruturas montadas num período de
tempo. A quantidade de estruturas montadas por esta equipe básica durante um
período de tempo pode ser expressa numericamente em toneladas, por exemplo. Se
dividir-se o consumo de horas de toda a equipe pela quantidade de estruturas
montadas resulta em uma quantidade de Hh consumida por tonelada.
Este consumo relativo de Hh/t é denominado
de produtividade. Esta produtividade varia enormemente entre os diversos tipos
de estrutura, condições locais, tipo de equipamento, etc. É na adoção deste
número que reside o segredo do sucesso. Quanto maior o consumo de Hh por cada
tonelada de estrutura montada, menor a produtividade e maiores serão os custos
relativos de mão-de-obra. Não significa que os custos totais serão maiores ou
não, pois dependem de outros fatores.
Durante a montagem de um galpão, por
exemplo, no início dos serviços a produtividade é relativamente grande pois as
colunas são montadas nesta fase. As colunas estão entre as peças mais pesadas
dos galpões e o consumo de Hh na montagem de cada uma será dividido por um
grande peso de estrutura. Todavia, no final da montagem estarão sendo montadas
as terças da cobertura que são peças muito leves, resultado em um maior consumo
de Hh por tonelada. Constata-se que durante uma mesma obra a produtividade
varia entre as diversas atividades. Significa que a adoção de um Hh/t médio
para toda a obra é adequado para se estimar sua duração total, mas resultaria
em distorções para o cálculo de cada atividade distinta. Portanto, o mais correto
será a adoção de uma produtividade para cada atividade ou tipo de peça.
RECURSOS
A obra de montagem necessita de diversos
recursos para ser executada. São recursos que podem ser divididos em três
categorias:
1. Recursos humanos: Envolve a mão de
obra diretamente empregada nos trabalhos de montagem das peças da estrutura,
etc.;
2. Recursos materiais: São os equipamentos,
materiais, ferramentas e consumíveis necessários para a montagem, etc.;
3. Recursos diversos: Construção e manutenção
do canteiro de obras, veículos, fretes, supervisão, sub-empreiteiras, taxas,
combustíveis, alojamentos, segurança do trabalho, controle de qualidade, etc.
As duas primeiras categorias influem
diretamente no andamento da montagem. A terceira constitui a logística
necessária, e dependerá do vulto da obra e da quantidade dos recursos humanos e
materiais alocados. Por exemplo, uma coluna para ser içada e fixada sobre a
base demanda mão-de-obra da equipe diretamente envolvida, um guindaste,
andaimes, porcas e arruelas, um cabo de aço, ferramenta para aperto dos
chumbadores e uma corda para conter a peça. Além disto, necessita de uma
ferramentaria, engenheiro supervisor, refeições, uniformes, óleo diesel, etc.
Nota-se pelo exemplo acima que os prazos
influem nos recursos e a disponibilidade de recursos tem reflexo nos prazos. A
alocação de recursos é uma fase importantíssima na elaboração do planejamento:
1) Identificar os recursos necessários para completar cada atividade.
Listar os materiais, equipamentos, mão de obra e outros recursos necessários.
2) Estimar os
quantitativos básicos de cada atividade (toneladas, m2, peças).
3) Qualificar a
razão entre as quantidades de unidades de recursos serão necessários por
unidade de cada atividade (ex.: Hh/t).
4) Quantificar
os recursos necessários para a execução de cada atividade.
5) Comparar os
recursos necessários com os recursos disponíveis.
6) Determinar o
prazo da atividade e alocar recursos em função deste prazo ou vice-versa.
Estabelecendo
Recursos
O primeiro passo
para a alocação de recursos é a identificação de quais serão necessários e
estabelecer o custo por unidade ou equipe para a conclusão da atividade. A
seguir, considerar o número máximo de unidades disponíveis de cada recurso.
Após se estabelecer as necessidades e limites dos recursos necessários,
compara-se a demanda com a disponibilidade. É provável que existam períodos
onde as necessidades excedem a disponibilidade e em outros ocorra capacidade
ociosa. Haverá a necessidade de nivelamento dos recursos ao longo do tempo de
forma a se utilizar o máximo possível a disponibilidade.
Para a execução
de uma obra de montagem poderão estar presentes os seguintes recursos:
• Mão-de-obra
indireta : constituída do engenheiro residente ou do gerente do contrato;
supervisores técnicos e administrativos; auxiliares de apoio e de administração;
controle de qualidade, segurança do trabalho, pessoal dos serviços de
manutenção, etc.
• Mão-de-obra
direta : formada pelos líderes de equipe; mestres ; encarregados e por todos
os profissionais envolvidos diretamente na execução dos serviços, como:
montadores, maçariqueiros, soldadores, topógrafos, ajudantes, eletricistas,
etc.
• Equipamentos :
Guindastes, guindastes veiculares, gruas, guinchos, compressores, geradores,
máquinas de solda, andaimes, etc.
• Ferramental :
estropos, esticadores, manilhas, patescas, talhas-catraca, talhas-tirfor,
chaves manuais, máquinas de torque, cordas e cabos de aço, porta-eletrodos,
conjunto oxi-acetileno, estufas, lixadeiras, cabos de solda, extensões elétricas,
etc.
• Canteiro de
obras : Transformadores, barracões, conteineres, escritórios, refeitório,
alojamentos, banheiros e sanitários, ferramentaria e almoxarifado, guarita, telefones,
móveis, materiais de expediente, cercas, tapumes, etc.
• Veículos :
automóveis, caminhonetes, caminhão-carroceria, ambulância, etc.
• Materiais e
consumíveis : eletrodos de solda, eletrodos de grafite, discos de corte e de
desbaste, bicos de corte, cilindros de oxigênio, GLP ou acetileno, tintas e
solventes, rolos e trinchas, equipamentos de proteção individual, material de
expediente, óleo diesel, gasolina, etc.
NIVELAMENTO DE
RECURSOS
Ao se distribuir os recursos humanos ao
longo do tempo podem haver algumas “janelas” sem utilização. Durante a obra de
montagem, não se pode mandar o trabalhador para casa nestes dias ociosos e
chamá-lo novamente depois. Para efeito de custos portanto, no caso da
montagem, o recurso ocioso continuará custando, pois em seguida o trabalhador
será necessário novamente. São recursos que não se pode desmobilizar. Uma grua
por exemplo, pode ficar uma semana sem ser utilizada. Todavia, não é viável
desmontá-la para economizar nos custos de aluguel de alguns dias. A grua estará
a disposição até que se possa desmobilizá-la definitivamente. Até que isso seja
possível, os custos de aluguel da grua serão contínuos, devendo permanecer no
planejamento e no orçamento todo o período a disposição da obra. Desta forma,
os recursos devem ser alocados sem janelas que, na prática, não ocorrerão.
CRONOGRAMAS
Para que se
possa analisar as atividades graficamente ao longo do tempo e em termos de
inter-relações entre si, apresenta-se o planejamento físico na forma de
cronograma, onde no eixo das ordenadas apresentam-se as tarefas e no eixo das
abscissas a linha do tempo.
Geralmente os
cronogramas são apresentados na forma de diagrama de barras ou gráfico de
GANTT, como é conhecido. Cada atividade parcial é listada normalmente na ordem
cronológica de execução, de cima para baixo e à direita, indica-se por unidade
de tempo, a duração da atividade por meio de uma barra horizontal.
HISTOGRAMA
DE MÃO-DE-OBRA
O objetivo do
Histograma de mão-de-obra é propiciar a visualização das funções e o número de
profissionais de cada uma por unidade de tempo. Geralmente é apresentado na
forma de planilha, onde constam as especialidades à esquerda e o número de cada
uma à direita.
HISTOGRAMA
DE EQUIPAMENTOS
O Histograma de
equipamentos é semelhante ao de mão-de-obra e o objetivo é descrever ao longo
do tempo a quantidade de cada equipamento. Logicamente, um e outro são frutos
do planejamento da obra, que por sua vez devem ser compatíveis com o orçamento.
Os histogramas são muito úteis para o
nivelamento de recursos, facilitando a visualização de janelas e
superposições. Também para a elaboração dos orçamentos são importantes, tanto
para a listagem dos recursos quanto para cálculo do tempo de permanência de
cada um.
ORÇAMENTO
Cada orçamentista cria o seu próprio método
de trabalho. A empresa montadora de estruturas decide de que maneira irá
apropriar os custos das obras e este fato determina o modo como os mesmos serão
calculados na fase de orçamento.
O orçamento deve ser abrangente, não
desprezando nada de relevante e ser isento de contingenciamentos. A forma dada
ao orçamento deve em tudo ser compatível com a maneira e a característica do
controle a ser exercido após o início da obra.
Outro aspecto relevante é a qualidade e
a quantidade das informações disponíveis a respeito da obra na ocasião do
orçamento. A superficialidade nas informações é a responsável por muitos
insucessos.
São apresentados abaixo alguns métodos
de elaboração do orçamento de montagem:
1. O orçamento poderá ser elaborado detalhadamente, contemplando todos
os itens necessários à sua realização, baseando-se as quantidades adotadas em
dados históricos da empresa, e os custos unitários de mão-de-obra e
equipamentos levantados junto ao mercado. Deve-se estimar a duração de cada
atividade, somando-se as horas trabalhadas de todos os trabalhadores envolvidos
diretamente bem como os custos de todos os demais recursos necessários.
2. Baseando-se no peso estimado para a estrutura e de posse do valor de
mercado, arbitrar um custo unitário por tonelada (deduzindo-se o BDI) que
deverá ser obtido quando da execução da obra.
3. Adotar uma
produtividade em Hh/t conforme o tipo de obra e calcular o consumo total de Hh
baseado no peso da estrutura. Obter um custo do Hh que contemple a mão-de-obra
direta, indireta, canteiro, equipamentos, consumíveis, taxas, etc.
Multiplicar o total de Hh pelo custo unitário obtido.
No final, o
orçamentista extrairá os índices físicos (Hh/t) e os índices econômicos (R$/t,
R$/Hh) e verificará se estão de acordo com as suas expectativas. O orçamentista
deverá ter uma expectativa quanto aos valores de mercado. Estruturas idênticas
podem ter custos de montagem totalmente diferentes apenas por apresentarem
diferenças quanto às condições locais.
Para execução da
montagem, a montadora contará com os seguintes profissionais:
1. Engenheiro –
responsável pela obra em todos os aspectos;
2. Mestre ou
encarregado – é o líder da equipe de montagem;
3. Topógrafo –
verificará topograficamente as medidas, esquadro, nivelamento, prumo, etc.
4. Mestre de
solda – é o líder da equipe de soldadores quando o tipo de solda exigir.
5.
Administrativo – auxiliará o engenheiro nas tarefas de administração do
canteiro.
6. Ferramenteiro
– responsável pela guarda e distribuição de ferramentas, consumíveis e EPIS.
7. Montador –
executará o içamento, ajuste e fixação das peças através de parafusos ou
ponteamento. Nas ligações parafusadas que exigirem, executará o torque.
8. Maçariqueiro
– profissional que operará o maçarico de corte.
9. Pintor –
profissional responsável pela pintura das estruturas, preparação de tintas,
limpeza de superfícies e lixamento.
10. Soldador – também chamado de operador de solda, executará a
soldagem das peças entre si utilizando máquinas retificadoras/ transformadoras
de solda.
11. Ajudante – auxilia todos os demais.
Para a elaboração do orçamento detalhado
apresenta-se abaixo um listagem dos itens a serem apropriados na montagem de
estruturas:
CUSTOS DO GRUPO
RECURSOS HUMANOS:
(a) Salários ;
(b) Encargos
obrigatórios;
(c) Diárias e
ajudas de custo;
(d) Equipamentos
de proteção individual/ uniformes;
(e) Autônomos;
(f) Horas
extras;
(g) Refeições;
(h)
Vale-transporte;
Custos do grupo
Materiais:
(a) Depreciação
de equipamentos próprios;
(a) Materiais de
consumo;
(b) Aluguel de
equipamentos;
(c) Equipamentos
auxiliares;
(d) Reposição de
ferramentas;
(e) Manutenção
de equipamentos;
(f) Custos de
operadores;
(g) Oxigênio,
GLP, acetileno.
CUSTOS DO GRUPO
DIVERSOS:
(b) Construção
do canteiro de obras;
(i) Passagens e
despesas de viagens;
(h) Transporte
de equipamentos
(i) Veículos;
(c) Manutenção
do canteiro de obras;
(d) Despesas com
mobilização e desmobilização;
(e) Telefone,
energia elétrica, água potável;
(f)
Sub-empreiteiras;
(j) Alojamentos;
(g) Materiais de
expediente;
(h) CREA, Taxas
municipais;
(i) Exames
admisionais, demissionais, periódicos;
(j) Combustíveis
para veículos.
CÁLCULO DO PREÇO
DE VENDA E PROPOSTA
A obtenção dos
preços de venda das obras é resultante de todo o trabalho dos diversos
profissionais envolvidos no orçamento de custos e na solução técnica de
montagem. Seu objetivo é o de ser apresentado para a apreciação do cliente
visando a contratação da montagem. Na formação do preço de venda estarão todos
os custos apurados no orçamento, além dos impostos incidentes, lucro e
despesas administrativas.
•
PREÇOS DE SERVIÇOS
Os contratos de
prestação de serviços são aqueles fornecimentos que não se limitam ao
fornecimento de materiais, nos quais existe o fornecimento de mão-de-obra. A
prestação de serviços de montagem fica patente sobretudo quando as estruturas
de aço são fornecidas por terceiros ou mesmo quando a matéria prima é
adquirida pelo cliente.
Por exemplo, na
montagem de estruturas, eventualmente a montadora irá executar as juntas
soldadas utilizando eletrodos de solda de seu fornecimento. Mas a incidência
destes materiais é minoritária em relação ao objeto principal, ou seja a
prestadora de serviços não está vendendo eletrodos, mas sim serviços de
montagem. Os eletrodos não constarão sequer em uma nota fiscal discriminados
como tal. Assim, ainda que possam envolver o consumo de materiais, a prestação
de serviços é uma atividade eminentemente de fornecimento de mão-de-obra.
•
PROPOSTA
Após a
elaboração do orçamento, o departamento de vendas irá elaborar uma proposta a
ser enviada ao cliente. Trata-se de um documento no qual a empresa enumerará todos
os serviços ofertados e as condições de fornecimento. Estas condições são solicitadas
pelo cliente em uma carta convite ou similar. Quando o cliente for um órgão
público, o processo de concorrência deverá seguir a Lei de Licitações.
A proposta poderá ser dividida em duas:
Proposta comercial, onde a proponente irá apresentar os preços dos serviços, e
a proposta técnica onde informará as especificações dos serviços e produtos
ofertados.
• BDI
O preço de venda será ainda formado pelos
custos apurados no orçamento e pelo chamado BDI, benefícios e despesas
indiretas. Em algumas empresas os impostos fazem parte do BDI, em outras não.
Neste exemplo o BDI será apresentado sendo formado apenas pelo lucro e as
despesas administrativas.
Concebemos o BDI
composto de duas partes principais:
I. Lucro
II. Despesas administrativas
O lucro é a remuneração que a empresa,
como pessoa jurídica, obterá com a execução da obra. Este montante de recursos
irá para o caixa da empresa e servirá para o seu crescimento, para remunerar o
capital investido pelos acionistas e seus colaboradores.
As despesas administrativas são os custos
indiretos decorrentes do funcionamento da empresa e que não estão diretamente
envolvidos nos trabalhos de campo durante a montagem. De certa forma, estas
despesas podem ser interpretadas como os custos fixos que a empresa incorre ao
longo do mês e que não aumentam nem diminuem necessariamente com a produção.
Estes custos administrativos em muitos casos são os custos daqueles departamentos
de apoio às atividades de produção, sem os quais não seria possível
realizá-los:
I. Salários de pessoal de escritório;
II. Encargos
sociais obrigatórios;
III. Encargos
financeiros;
IV. Tarifas
bancárias;
V. Retiradas dos
sócios e remuneração da diretoria;
VI. Honorários
diversos;
VII. Materiais
de limpeza, expediente, manutenção, café, etc.
VIII. Aluguéis
de imóveis;
IX. Despesas com
veículos;
X. Propaganda,
feiras e eventos;
XI. Despesas de
viagens;
XII. Despesas de
elaboração de propostas e de vendas;
XIII. Empresas
terceirizadas;
XIV. Despesas
com vale-transporte, refeições, planos de saúde, exames admissionais do
pessoal da administração.
Estes custos
deverão ser reembolsados pelas obras executadas, pois caso contrário, os lucros
destes contratos estarão prejudicados. Ainda que os custos de execução da
montagem estejam dentro dos orçamentos previstos, se as despesas
administrativas não forem apropriadas adequadamente, as obras poderão dar
prejuízo. Há duas maneiras mais comuns de apropriação das despesas administrativas:
• Levantamento
de um percentual a ser considerado por dentro dos preços de venda dos serviços;
• Reembolso
destas despesas por fora dos custos de comercialização, como verba prevista de
um rateio previamente definido.
IMPOSTOS
Existe em nosso
país um considerável aparato tributário e fiscal, de aplicação obrigatória Os
impostos devem ser embutidos nos preços pois certamente significam menos recursos a ingressarem nos cofres da empresa.
Ainda que o recolhimento dos impostos
não ocorra simultaneamente com o faturamento o fato de embuti-los nos preços
funciona como um aprovisionamento de verbas a serem utilizadas no futuro.
Entretanto, o número de retenções efetuadas no ato da emissão das notas fiscais
já está tão elevado, que a parcela a ser recolhida futuramente está cada vez menor.
Para estes tributos, a empresa cria uma reserva financeira que deverá existir
na oportunidade em que efetivamente fizer o recolhimento.
Existem tributos e contribuições incidentes sobre o faturamento e outros que dependem dos lucros auferidos no futuro e
devem ser estimados.
Proposta Técnica
A segunda parte da proposta possui um
conteúdo técnico. Nestes documentos a proponente irá demonstrar sobretudo conhecimento sobre as características técnicas da obra, apresentando:
a) Lista dos
equipamentos a serem utilizados;
b) Histograma
dos equipamentos;
c) Histogramas
de mão de obra;
d) Lay-out do
canteiro de obras;
e) Cronograma
físico das fases da obra;
f) Descritivo do
processo construtivo;
g) Organograma
do canteiro de obras;
h) Currículos
dos profissionais alocados no organograma;
i) Certificado
de visita técnica;
Qualificações
Com o intuito de se prevenir contra problemas futuros com maus fornecedores, os clientes exigem uma série de qualificações
prévias das proponentes. Poderíamos classificar estas qualificações em três
grupos:
• Qualificação Fiscal;
• Qualificação jurídica;
• Qualificação técnica.
• Qualificação Fiscal
A qualificação fiscal é formada por certidões negativas de débito junto às fazendas Federal, estadual e municipal. As
proponentes devem provar por meio da posse destes documentos, que pagam os
impostos como ISSQN, ICMS, PIS, contribuições como a COFINS, INSS e ao FGTS.
Neste quesito incluem-se os balancetes e demonstrativos quanto à situação de
saúde financeira da empresa.
QUALIFICAÇÃO
JURÍDICA
A qualificação
jurídica é formada pelas provas de inscrição da empresa junto à prefeitura, ao
Estado e ao CNPJ (Ministério da Fazenda); alvará de funcionamento, inscrição
no Conselho de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.
QUALIFICAÇÃO
TÉCNICA
A qualificação
técnica é a comprovação de acervo técnico registrado no CREA, de execução de
serviços similares aos do objeto; prova de possuir nos seu quadro de
funcionários profissionais habilitados e com acervo técnico compatível com o
objeto do contrato.
Estas
qualificações serão exigidas em concorrências públicas, entretanto é crescente o número de empreendedores privados que exigem igualmente documentação semelhante
As propostas são analisadas após a fase de qualificação estar atendida.
CONTRATO
Escolhida a
empresa ganhadora da concorrência, será elaborado o contrato que espelhará
todas as negociações feitas com o cliente. Nas contratações por parte de
entidades privadas, o contrato é baseado na proposta da proponente e modificado
nos pontos que forem acertados entre as partes. Quando o contrato é celebrado
com algum órgão da administração pública, o próprio edital frequentemente já
traz a minuta do contrato, com o qual a proponente concorda tacitamente ao
participar da licitação.
Os contratos são compostos de cláusulas
e parágrafos, repetindo-se de maneira geral os tópicos abordados nas propostas.
Entretanto, como instrumento jurídico que é, o contrato deve contemplar as
circunstâncias onde poderá ser rescindido, as penalidades e multas previstas
na inobservância de uma ou mais cláusulas por uma das partes.
A proposta poderá ser citada como referência
contratual, ou ser substituída por ele. As cláusulas do contrato servirão para
regular todos os aspectos da relação entre o cliente e a empresa de construção
metálica. Um bom contrato deverá possuir cláusulas sobre os seguintes tópicos:
1) Identificação
da Contratante e da Contratada;
2) Representantes
legalmente habilitados;
3) Documentação
de referência;
4)
Caracterização da obra, Objeto;
5) Os
quantitativos básicos e a planilha de preços;
6) Prazo de
execução;
7) Obrigações da
contratante;
8) Obrigações da
contratada;
9) Forma de
pagamento;
10) Critérios de
medição;
11) Penalidades;
12)
Reajustamento;
13) Foro.
• FORMAS DE
REMUNERAÇÃO DOS CONTRATOS
(A) PREÇO GLOBAL
Também chamado de contrato por empreitada
por preço global, deve ter o objeto muito bem definido. Este tipo de contrato
dá tranqüilidade ao contratante pois dá uma visão clara do custo total da
obra. A contratada tem um grande interesse em cumprir os prazos contratuais,
visto que uma maior permanência no canteiro de obras aumentaria seus custos,
além de incorrer em multas contratuais. Serviços fora do escopo, além do
objeto original, são de difícil negociação.
(B) PREÇO GLOBAL COM ITEMIZAÇÃO
Semelhante ao
anterior mas com os itens que formam o preço global listados de forma clara
quanto às especificações, quantidades e preços unitários. Desta forma, continua
existindo uma previsão do preço total, mas com maior facilidade de negociação
de quantidades diferentes das contratuais.
(C)
PREÇOS UNITÁRIOS
O contrato é
complementado por uma planilha de preços unitários na qual se itemizará toda a
obra, com uma descrição resumida e a quantidade prevista de cada item, o preço
unitário e o subtotal resultante.
Neste tipo de
contrato existe uma grande liberdade de alteração das quantidades originais,
visto que os preços unitários são os valores que comandam o contrato. Antes do
início da obra, obviamente, existem quantidades previstas para cada item que,
dependendo da exatidão inicial, pouco vão variar até o final do contrato.
Semelhante ao anterior.
No caso das
estruturas em aço, as quantidades são medidas em peso, por quilograma ou por
tonelada. Ainda que de aplicação e acompanhamento muito facilitados, estas
quantidades expressas em peso não fazem parte dos parâmetros comuns aos empreendedores,
que costumam raciocinar em termos de custos por metro quadrado. É conveniente
sempre expressar a obra de estruturas de aço para edifícios também em
quantidades relativas por metro quadrado, ou seja, kg/m².
•
FORMAS DE PAGAMENTO
A definição da
forma de pagamento é muito importante para o equilíbrio econômico do contrato.
O equilíbrio é desfeito quando o contratante incorre em maiores despesas ou,
como é mais comum, o empreiteiro gasta em itens não previstos em seus
orçamentos anteriormente.
Uma obra por
preço global por exemplo, possui um valor único. Ora, para a realização da obra
sabemos que será necessário um período de tempo, e que em cada dia a
empreiteira irá aplicar recursos seus para realizá-la.
Alguns custos da montadora serão pagos
ao final do mês civil, como os salários dos funcionários; outros, ao final de
um período de 15 ou 30 dias, independentemente do calendário civil. Outros
custos serão quase aleatórios como despesas do canteiro de obras; alguns custos
serão necessários antes do início da obra; outros custos ocorrerão após seu
término.
Assim, a montadora terá de elaborar um
cronograma físico-financeiro com os gastos distribuídos ao longo do tempo, para
que possa avaliar um adequado cronograma de faturamento, ou forma de
pagamento do contrato. Afinal, em todos os preços ofertados ao cliente, devem
estar embutidos os seus custos e o lucro. Se acaso durante algum período o faturamento
não cobrir os custos, o construtor terá que lançar mão de empréstimos
bancários, sob o risco de não honrar seus compromissos e comprometer
faturamentos futuros.
FORMAS DE
MEDIÇÃO DA MONTAGEM
Como a montagem é executada no local da
obra, é extremamente simples constatar ou não a execução da montagem das
estruturas para a elaboração das medições. Os pagamentos da montagem serão
baseados nas quantidades efetivamente montadas à partir de medições a cada 15
ou 30 dias, por exemplo.
A montagem caracteriza-se por ser uma
prestação de serviços executada no local da obra, com a união das peças
constantes dos diagramas de montagem. A quantidade de cada peça e seu
respectivo peso consta dos desenhos de detalhe. Para se calcular as quantidades
efetivamente montadas basta contar quantas peças foram montadas e multiplicar
pelos seus pesos de desenho.
• FISCALIZAÇÃO
Para garantir o cumprimento das cláusulas
contratuais por parte da contratada, a contratante credencia uma pessoa física
ou jurídica para fiscalizar as diversas fases da obra. Esta fiscalização é
exercida durante a montagem das estruturas em aço, observando-se as
tolerâncias, a observância dos procedimentos qualificados de execução e os
ensaios não-destrutivos.
Estes ensaios
darão origem a relatórios de inspeção que devem ser elaborados por técnicos
qualificados por órgão qualificador reconhecido, e aprovados pelo supervisor do
controle de qualidade e pelo fiscal.
Durante os
trabalhos de montagem no canteiro de obras a fiscalização exige a abertura de
um livro de registro do relatório diário de obra. Neste documento serão
anotados os equipamentos, o efetivo, os serviços executados, bem como deverá
servir de comunicação entre o responsável pela obra e o fiscal.
Todos os
certificados dos materiais, certificados dos inspetores, operadores de solda,
procedimentos qualificados de execução, planos de montagem, procedimentos de
solda, relatórios de inspeção e de liberação, “as-built”, projetos e diários
de obra serão reunidos no final no “Data Book”.
Ao final dos
serviços a fiscalização dará o aceite final das estruturas. Após atendidas
eventuais exigências da fiscalização, a mesma fornecerá sem ônus um atestado de
realização dos serviços, à contratada.