METODOLOGIA PARA
A CONTABILIDADE DE CUSTOS
Para compreender
e aplicar a Contabilidade de Custos se faz necessário o estudo das doutrinas
que tratam deste tema. A parte teórica é de fundamental importância, pois é ela
que permitirá que o profissional desenvolva o estudo e prepare sistemas
adequados a cada realidade
organizacional.
Com a intenção
de auxiliar no processo de entendimento do tema proposto, apresenta-se uma
proposta metodológica de implantação de sistemas de custos.
1º FASE - DIAGNÓSTICO
As entidades
possuem características próprias. Desta forma, a construção de um sistema de
custos exige o conhecimento do processo produtivo, associado a compreensão do modelo
de gestão e, consequentemente, da filosofia e das políticas adotadas pela organização.
Cada atividade
trabalha com variáveis distintas, interferindo diretamente na análise de custos.
O sistema
escolhido e trabalhado, por sua vez, deve ter sempre como característica básica
a flexibilidade, procurando adaptar-se as necessidades emergentes, ou seja, o sistema
pelo processo de retroalimentação, busca a melhoria contínua, modificando-se em
função das variáveis que compõe a organização e as variáveis de mercado.
Um dos grandes
problemas enfrentados pela Contabilidade de Custos refere-se a alocação dos
custos indiretos de fabricação (CIF), que ao contrário dos diretos, não estão
uniformemente relacionados aos portadores finais.
O sistema de
custos ao alocar ou apropriar esses recursos ou fatores de produção, com base
em algum fator direto (volume de produção, horas de MOD e outros), pode tornar o
resultado do custeamento impreciso.
Tal problema
acentua-se à proporção que é maior a diversidade de produtos em uma linha de
produção. Nessa situação, as diferentes quantidades produzidas, em diferentes tempos,
tornam mais complexas, a apropriação dos CIF, para cada unidade de produto.
POLÍTICAS DA ENTIDADE
A organização
necessita saber claramente qual é sua missão, ou seja, em qual horizonte
a entidade atua, qual é o negócio a ser trabalhado. Essa missão deve ser do conhecimento
de todo o conjunto de recursos humanos e serve para balizar todas as demais
políticas, estratégias, objetivos e atitudes a serem desenvolvidas pela
entidade.
Na realidade, as
políticas são parâmetros ou orientação para a tomada de decisão, geralmente
formuladas pela alta direção da entidade e servem de guia para toda a instituição;
podem ser descritas ou comunicadas verbalmente, fazendo parte da cultura da organização.
Essas políticas podem ser exemplificadas como sendo diretrizes, as quais toda a
parte operacional e administrativa deve zelar e seguir (Exemplo de políticas:
prazos de vendas à clientes, níveis de descontos, requisitos de admissão de recursos
humanos, reinvestimento dos resultados etc.).
Elas são muitas
vezes originadas da compreensão pessoal do alto escalão administrativo,
compostas por ideologias, filosofias e dogmas, entre outros fatores.
Na percepção do
Contador de Custos, procura-se identificar as políticas, principalmente nas
áreas que interferem diretamente no resultado da atividade. Com base no diagnóstico
observa-se sua forma de implementação, uma vez que elas irão refletir, significativamente,
no sentido da visão holistica, necessária para o planejamento e encaminhamento
do trabalho.
OBJETIVOS ORGANIZACIONAIS
Além de
identificar as políticas, é importante o conhecimento dos objetivos organizacionais,
os quais são construídos pelos chamados “Cientistas Organizacionais” e têm como
característica básica a capacidade de criar parâmetros ou metas a serem atingidas.
Esses objetivos podem ser globais e/ou departamentais, observadas as devidas circunstâncias.
Dentre os
objetivos organizacionais em nível global, é possível citar alguns que servem de
orientação para entidades que tenham a responsabilidade social como política da
organizacional:
· Garantir a sobrevivência da entidade,
identificando tendências globais em seus primeiros estágios e levando-as em
conta no planejamento estratégico;
· Buscar vantagens competitivas, minimizando
custos e impactos ambientais;
· Adotar uma postura pró-ativa e criativa em
relação aos desafios ecológicos e sociais em todas as áreas de atuação da entidade;
· Cooperar com parceiros comerciais e
acadêmicos para acelerar a
acumulação de
conhecimentos;
· Promover a redução de custos e consequentes
economia de energia e recursos e do avanço de outras tecnologias
eco-favoráveis;
Objetivos
semelhantes precisam ser fixados para todos os departamentos.
POR EXEMPLO:
· Pessoal - tornar a
entidade mais atraente para funcionários que se preocupam com o
ambiente, reforçando assim a lealdade do quadro funcional, no
sentido de desencadear um processo de implementação de gestão participativa;
· Compras - demonstrar
consciência ecológica na compra de matérias-primas e suprimentos;
· Produção
-
cortar custos poupando energia, matérias-primas, água e outros recursos
naturais, renováveis ou não, envolvidos no processo produtivo;
· Projeto
de produtos –
revisar as especificações para minorar o impacto na produção, no uso do produto
pelo cliente (interno ou externo) e no descarte (término da vida útil do produto,
encontrando soluções para o reaproveitamento do material – reciclagem ou
acondicionamento em local seguro que não cause dano ambiental);
Obs: na realidade, a entidade passa a ser
responsável pelo produto, não só na fase de produção e distribuição, mas também
pelos restos originados em todas as fases do processo (produção, distribuição e
comercialização).
Exemplo: a entidade é responsável pelas embalagens,
pelos produtos vencidos etc.;
· Distribuição
-
procurar usar meios de transporte alternativos seguros, que gastem menos
energia e causem menos poluição, aumentando a qualidade do serviço prestado;
· Contábil
-
preparar demonstrações contábeis, objetivas e concisas, identificadas
com as políticas e objetivos organizacionais, seguindo os princípios contábeis
e observando as tendências sociais e ecológicas.
AMBIENTE INTERNO
Existe uma
conhecida estória hindu sobre os esforços de seis homens cegos para descrever
um elefante. Assim, ao que segurou uma perna, o animal pareceu o tronco de uma
árvore. O que tocou a cauda pensou que estivesse segurando uma corda. A tromba do
elefante pareceu a outro uma cobra em movimento, enquanto o que examinou o dente
declarou que o animal assemelhava-se a uma espada afiada. Houve, no final, muita
divergência, porque cada um deles julgava saber o que o elefante realmente era.
O problema, naturalmente, era que cada indivíduo estava limitado por sua
perspectiva única e incompleta. Além disso, mesmo o contador da estória ficou
decepcionado, porque enquanto sentia que estava observando toda a situação,
aparentemente falhou em perceber seu próprio papel como elemento intrincado
neste sistema elefantinho hindu.
Contudo, a
estória é útil, senão por outro motivo, porque ilustra que as pessoas podem ficar
decepcionadas num grau maior ou menor e que cada um necessita não apenas compreender
melhor o sistema existente “lá fora”, mas também reconhecer a própria participação
e relacionamento para com esse mundo.
Neste sentido,
cabe ao Contador de Custos, na condição e planejador dessa atividade, procurar
familiarizar-se com a estrutura organizacional e com o ciclo operacional, ou seja,
é importante conhecer as partes do ambiente interno que compõem a entidade, retratando
sua forma de trabalho, bem como a importância para a organização. Para tal, poderá
trabalhar com entrevistas, questionários, construir cenários, fluxogramas,
entre outras técnicas, capazes de proporcionarem o real entendimento do
contexto e do ambiente que compõem a entidade.
Entre as
características essenciais para a formulação do sistema de custos é fundamental
o conhecimento do sistema de produção, ou seja, como ocorre o processo de industrialização
(características da atividade), qual o critério de alocação dos custos (departamentos,
atividades, centro de custos etc.).
O CONTROLE DA PRODUÇÃO E OS CUSTOS:
Sistemas de acumulação
de custos
a) quanto ao
processo produtivo
b) quanto ao
modelo de gestão
Entre as etapas
para a elaboração de um sistema de custos cabe ao Contador conhecer o processo
de produção, ou seja, o denominado “chão de fábrica”, para que com base neste
conhecimento possa estudar o melhor método de custeio a ser aplicado.
O esquema
apresenta critérios de acumulação de custos, os quais podem ser por ordem, por
processo, por atividade, provisionais ou pela responsabilidade, qualquer que
seja a filosofia utilizada, esta será da escolha do profissional da área
contábil, que deverá, observando a atividade da organização, o modelo de gestão
aplicado e a finalidade do sistema eleger o critério que melhor resultados
proporcionará.
Quando uma
empresa trabalha por encomenda denomina-se que esta utilizada a filosofia do
custeio por ordem e, quando o processo industrial é realizado em série, sem intervalos
(contínuo) o sistema é chamado de custeio por processo, que forma o custo por
produto.
Observando os
conceitos trabalhados, pode-se dizer que o sistema de custeio por ordem é
intrinsecamente um sistema baseado no processo, pois para que haja a produção
existe a necessidade de haver um processo de realização.