CONSIDERAÇÕES
INICIAIS
Quando
da avaliação de investimentos, das alternativas estudadas (VPL, TIR, Índice de
Rentabilidade), era necessário definir a taxa mínima de atratividade ou custo
de capital. A partir de agora, a definição primordial passa a ser de
financiamento e não mais de investimento.
Portanto,
torna-se indispensável saber qual a taxa mínima de retorno que a empresa ou
investidor irá exigir de seus investimentos, sejam estes financiados por
capital do acionista
(próprio)
ou por terceiros.
O
QUE É CUSTO DE CAPITAL?
O
custo de capital é a taxa de retorno que uma empresa deve pagar aos investidores
a fim de induzi-los a comprar ações e títulos.
O
custo de capital é a taxa de retorno mínima exigida para um novo investimento.
Em
sua estrutura de capital, uma empresa remunera seus acionistas e sócios através
de dividendos, distribuições de lucro e
outros;
por outro lado, existem terceiros que ajudam a financiar as atividades da
empresa (bancos, fundos de pensão, entre outros). Portanto, o custo de capital
da empresa deve abranger a remuneração exigida pelos sócios e acionistas e mais
a remuneração exigida pelos terceiros, ponderado, logicamente, pela
participação de cada um no capital da empresa. Assim, pode-se dividir o custo
de capital da empresa em (i) próprio e (ii) terceiro.
CUSTO
DE CAPITAL PRÓPRIO
O
custo de capital próprio corresponde ao retorno que os investidores, sejam acionistas
ou sócios exigem pelo investimento nas ações da empresa ou participação direta
no capital social da empresa.
Existem
duas abordagens para se calcular o custo de capital próprio:
a)
Modelo de Crescimento de Dividendos ou Modelo de Gordon;
b)
Modelo SML ou Linha de Mercado de Títulos;
Ao
final, será apresentada ainda a metodologia de cálculo da ação preferencial.
Modelo
de Crescimento de Dividendos ou Modelo de Gordon.
A
remuneração de um acionista consiste basicamente nos dividendos1 pagos pela
empresa.
Supondo
que os dividendos de uma empresa tendem a crescer a uma taxa constante, o
retorno exigido pelo acionista será o percentual do dividendo em relação ao
valor da ação, acrescido da taxa de crescimento do dividendo.
Rexig
= D/Po + g
Po
= preço corrente da ação ordinária
D
= dividendo por ação esperado no final do ano 01
Rexig
= taxa de retorno exigida sobre a ação ordinária
g
= taxa anual de crescimento constante dos dividendos
Dividendos
é a parcela do lucro apurado pela empresa, que é distribuída aos acionistas por
ocasião do encerramento do exercício social (balanço). Pela lei das S/A' s,
deverá ser distribuído um dividendo de no mínimo 25% do lucro líquido apurado,
e sempre em dinheiro (moeda corrente). Os dividendos podem ter periodicidade diversa:
mensal, trimestral, semestral, anual, etc., desde que conste no estatuto da
empresa o período determinado. A Assembleia Geral Ordinária (AGO) é quem
determina a parcela a ser distribuído como dividendo, de acordo com os
interesses da empresa, através da manifestação de seus acionistas. O montante a
ser distribuído deverá ser dividido pelo número de ações emitidas pela empresa,
de forma a garantir a proporcionalidade da distribuição.
EXEMPLO:
Po
= R$ 50
D
= R$4
g
= 5%
Ks
= ??
R.:
13% é o retorno mínimo exigido pelo acionista
Modelo
SML ou Linha de Mercado de Títulos
Para
o modelo SML, conforme visto no capítulo anterior, o custo de capital próprio é
calculado da seguinte forma:
Resp
= Rlivre + (8 x (Rmerc - Rlivre))
EM
QUE:
Resp
= Retorno esperado do título ou ação ou Custo de Capital Próprio
Rlivre
= Retorno livre do risco
8
= Índice beta do título ou ação
Rmerc
= Retorno de mercado
EXEMPLO:
Rlivre
= 7%
8
= 1,50
Rmerc
= 11%
Resp
= 7% + [1,5 x (11% - 7%)]
Resp
= 7% + 6% = 13%.
VANTAGENS
E DESVANTAGENS DOS DOIS MODELOS
MODELO
VANTAGENS DESVANTAGENS
Crescimento
de dividendos - Simples de calcular;
-
Fácil de ser compreendida e utilizada;
-
Só é aplicável a empresas que paguem dividendos;
-
O pressuposto de que os dividendos crescem a uma taxa constante é forçado;
-
Não considera o risco explicitamente;
SML
- Considera o risco, uma vez que trabalha com o beta;
-
Aplicado não somente às empresas que pagam dividendos;
-
O retorno de mercado deve ser estimado, o que torna o modelo
mais
impreciso;
-
Por utilizar o beta, o futuro está sendo projetado com base no passado, o que
nem sempre será necessariamente seguido.
CUSTO
DA AÇÃO PREFERENCIAL
A
diferença básica entre uma ação ordinária e preferencial é que a ordinária dá
direito a voto ao acionista, enquanto que a ação preferencial tem prioridade na
distribuição de dividendos. Por isso, as ações preferenciais tendem a ter um
custo menor que o das ações ordinárias (Modelo de Gordon), porque são menos
arriscadas que aquelas quanto ao recebimento de dividendos. Os acionistas preferenciais
não exigem uma remuneração, a empresa é que a oferece; no entanto se esta não
for satisfatória, provavelmente não comprarão ações da empresa.
Diferentemente
dos EUA, onde a ação preferencial é considerada capital de terceiros, sendo sua
remuneração fixa e predeterminada; no Brasil, a ação preferencial é considerada
capital próprio e sua remuneração variável. A ideia americana de que a ação
preferencial é capital de terceiro driva da questão de que o único interesse do
acionista é pela liquidez do título e não pela tomada de decisão da empresa
(acionista ordinário).
A
FORMA DE CÁLCULO DA AÇÃO PREFERENCIAL É:
Rexig
= D/P0
EM
QUE:
Rexig
= Retorno exigido pela ação preferencial
D
= Dividendo a ser pago
P0
= Preço da ação preferencial
CUSTO
DE CAPITAL DE TERCEIROS
O
Custo de Capital de Terceiros consiste na taxa de juros sobre o capital de
terceiros, menos a redução do imposto proveniente do fato dos juros serem
dedutíveis do LAJIR. O custo de capital de terceiros é o retorno que os
banqueiros exigem por seus recursos.
CUSTO
DE CAPITAL DE TERCEIROS:
J
= juros do empréstimo ou financiamento;
Ir
= alíquota de Imposto de Renda
Ct
= total do capital de terceiros tomado
CUSTO
DE CAPITAL MÉDIO PONDERADO
O
Custo de Capital Médio Ponderado é a média ponderada dos custos dos componentes
capital de terceiros, ações preferenciais e ações ordinárias. O custo de
capital médio ponderado reflete o futuro custo médio esperado de fundos da
empresa a longo prazo; é encontrado ponderando-se o custo de cada tipo
específico de capital por sua proporção na estrutura de capital da empresa.