quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

ENTENDENDO SOBRE A LOGÍSTICA.




Custos logísticos
Ao escolher um sistema de transporte, deve-se levar em conta não apenas o valor do frete, mas o chamado custo logístico total (Kotler, 1974):
CT = F + CLF + CLV+VP
CT = Custo total de distribuição do sistema proposto
F = Custo de transporte (frete)
CLF = Custos logísticos fixos (armazenagem, embalagem de transporte, preparação de pedidos, etiquetagem, embalagem, emissão de notas fiscais, fracionamento de carga, atendimento ao cliente etc.);
CLV = Custo logísticos variáveis
VP = Custo total de perdas de vendas, devido à demora das entregas. Geralmente, os fretes dos meios mais lentos (navegação e ferrovias) são menores, porém ocasionam maiores perdas de vendas.
Deve ser escolhido o meio ou o sistema (conjunto intermodal) que minimiza o custo total).
Seleção de meios de transportes
Estima-se que os custos de transporte representam, em média, 70% dos custos logísticos.
Na seleção dos meios de transporte, levam-se em conta alguns fatores, como:
Custo fixo - Necessidade de investimento inicial por tonelada. Geralmente, quanto maior a capacidade, maior a necessidade de investimento (exemplos: marítimo, ferroviário e dutoviário);
Custo variável - Custo de operação por t.km. Geralmente, quanto maior a capacidade, menor o custo variável. (exemplo: transporte marítimo).
Rapidez – Velocidade do transporte, fator tanto mais importante quanto maior for o valor da mercadoria por tonelada. Geralmente, os meios mais rápidos são aqueles de maior custo por tonelada. O aéreo é o meio mais rápido de todos.
Disponibilidade – Existência do meio nas várias origens e destinos. No caso brasileiro, há pouca disponibilidade de meios não rodoviários;
Confiabilidade – Probabilidade de que a mercadoria chegue ao destino sem avarias dentro do prazo programado. Os dutos e rodovias têm alta confiabilidade. No Brasil, o mesmo não se pode dizer quanto às aquavias e ferrovias.
Capacidade – Volume de carga transportado por viagem. Geralmente, os meios mais lentos e que exigem maiores investimentos (ferroviário, marítimo e dutoviário) apresentam maior capacidade.
Frequência – Intervalos entre viagens. O dutoviário, por exemplo, apresentam a melhor frequência, pois o serviço é contínuo. Outros meios de grande capacidade, como o ferroviário e o hidroviário, apresentam baixa frequência.
Uma análise do setor rodoviário mostra que ele tem, na maioria dos casos, características ainda vantajosas no Brasil em relação aos outros meios:
Baixo custo fixo (as rodovias são construídas pelo governo e os
equipamentos de transporte podem ser adquiridos até por pessoas físicas);
Custo variável médio (inferior ao do aéreo, porém superior aos dos demais),
especialmente porque o diesel é relativamente barato no Brasil;
Boa rapidez (só é superado pelo aéreo);
Boa confiabilidade (só é superado pelo dutoviário);
Boa disponibilidade (é o único que cobre praticamente todo o país e o único que faz o transporte porta-a-porta). O país tem 1,8 milhão de km de rodovias contra menos de 30 mil quilômetros de ferrovias.
Boa frequência (só superada pelo dutoviário);
Baixa capacidade (porém mais alta do que a do aéreo).
Importância dos custos e fretes rodoviários
No Brasil, embora com a privatização das ferrovias e dos terminais portuários, a participação dos demais modais deva crescer, o rodoviário ainda é o responsável por quase 63% das t.km movimentadas.
É importante, portanto, tanto para o administrador de transportes, quanto para o administrador logístico do embarcador, dominar as técnicas de formação e controle de custos operacionais de caminhões, dos fretes rodoviários e da vida econômica dos
veículos. O primeiro, para oferecer ao cliente um custo real. O segundo, para ter condições de
discutir tecnicamente as planilhas que lhe forem apresentadas.
Por que calcular/controlar os custos
Por que o administrador de transportes deve calcular e controlar os custos operacionais?
Não seria mais prático trabalhar com os custos e tabelas já calculados pela entidades do setor e pelas revistas especializadas?
Embora essas fontes devam ser usadas como padrão de referência (benchmarking) para se comparar o custo operacional da transportadora, as variáveis que influenciam tal custo e as peculiaridades de cada empresa são múltiplas. Entre elas:
Quilometragem percorrida;
Tipo de operação;
Tipo manutenção;
Tipo de estrada, tipo de carga;
Local de operação (beira-mar ou interior, clima quente, frio ou chuvoso etc.)
Tipo de carga;
Tipo de tráfego;
Porte do veículo;
Velocidade – Como os custos fixos diminuem, mas os variáveis aumentam com a velocidade, existe sempre uma velocidade mais econômica para o veículo rodar;
Existência ou não de carga de retorno.
Seria impraticável calcular um custo operacional, mesmo que para um tipo de específico de serviço (carga fraciona, lotação, frigorífico etc.) e considerá-lo como padrão para todas
as empresas.
Para ser um custo próximo da realidade, é necessário, portanto, mesmo quando se utilizam softwares externos, alimentá-los com os dados da própria empresa.
Mas, afinal, vale a pena gastar tempo e dinheiro com funcionários especializados, formulários complicados e softwares específicos só para se apurar todas as parcelas que compõem o custo operacional de uma frota?
Em décadas passadas, pesquisas realizadas mostravam que a maioria das transportadoras existentes não estavam preocupadas com o assunto.
Muitos transportadores viam no controle de custos pura perda de tempo ou dinheiro jogado fora, quando não um luxo desnecessário.
Os empresários preferiam entregar esta tarefa às suas entidades de classes que se encarregavam de elaborar tabelas inchadas e lutar não só por aumentos constantes junto ao governo, mas também pela criação de uma verdadeira reserva de mercado, por meio de
regulamentações, para restringir a entrada de novos operadores, e as chamadas “comissões de especialidades”.
No fundo, o maior objetivo de tais comissões era sempre de buscar a formação de um cartel, algo praticamente inatingível num mercado altamente competitivo.
As tabelas da NTC surgiram em 1980 e foram aperfeiçoadas em 1982. Cobriam vários tipos de operações, como carga expressa, carga, urgente, carga comum fracionada, carga industrial, lotações, grandes massas, mudanças, bebidas, fertilizantes, cargas frigorificadas, postes etc.
Nos últimos anos, com o fim do controle de fretes (extinto em 1988), a tendência para a fixação dos preços CIF (custo seguro e frete), o fim da publicação das tabelas de tarifas, a evolução da informática e surgimento de computadores de bordo e muitos softwares de cálculo e controle não só dos custos como um todo, mas também de elementos específicos do planilha (como pneus, manutenção, combustíveis etc.), a estabilização econômica; o
estreitamento das margens de lucro e a tendência para negociação com base em planilhas abertas, aumentou o interesse pelo cálculo e pelo controle dos custos.
Isto está obrigando as empresas a calcularem os seus próprios custos e aperfeiçoarem seus métodos gerenciais.
Dentro do moderno conceito de administração, o administrador de transportes deve ser visto com um elemento de um sistema aberto, que processa informações (inputs), das quais devem resultar decisões para a empresa.
Uma vez implementadas. essas decisões produzem novas informações, que realimentam o sistema.
Assim, o exato conhecimento e o controle adequado dos seus custos operacionais são indispensáveis para o sucesso de decisões como:
Investimentos alternativos: investir em frota, em terminais ou em tecnologia e informática?
Arrendar ou comprar uma frota? Comprar à vista, por meio de Finame ou consórcio?
Determinar a hora certa de renovar a frota;
Decidir entre fazer e comprar. Por exemplo: manutenção própria ou terceirizada;
Estabelecimento de padrões de desempenho e produtividade, além da análise e correção de qualquer desvio em relação a esses padrões;
Avaliar a situação real da empresa e estudar medidas eficazes para atenuar a concorrência, como concessão de descontos ou prazos maiores;
Aplicação de modernas técnica de benchmarking, isto é, alcançar ou superar, para cada elemento de custo, produtividade ou qualidade, o melhor padrão existente no mercado entre as empresas do mesmo ramo ou concorrentes mais próximos.
Esquemas operacionais
Os tipos de serviços descritos acima dão origem a quatro esquemas operacionais distintos:
1. Serviço de lotação ou carga direta (FTL) – Também conhecido como full truck load, é o serviço que envolve apenas a coleta na porta do embarcador de um caminhão lotado e a entrega no destinatário. Este tipo de operação não exige que a transportadora mantenha terminais de carga, nem filiais.
2. Serviço de carga fracionada (LTL), distribuição local – Também conhecido como less than truck load, envolve a coleta na origem, o transporte até um terminal da própria cidade ou região e a entrega no destino, dentro de um raio pequeno. Neste
caso, a empresa necessita de um único terminal.
3. Serviço de carga fracionada (LTL), distribuição regional - A carga é coletada, levada para o terminal da origem, processada, transferida para o terminal de destino, reprocessada e entregue no destinatário. A operação exige pelo menos um segundo terminal, ou seja, matriz e, pelo menos, uma filial.
4. Serviço de carga fracionada (LTL) com distribuição via terminal de trânsito ou
consolidação – A operação é semelhante à anterior, mas a carga é reprocessada em um ou mais terminais de trânsito ou de consolidação intermediários, entre o terminal de origem e de destino.
Esse tipo de empresa precisa manter filiais organizadas, com terminais estruturados, para processar e redistribuir as cargas para diversos territórios em diversas regiões.
Além das quatro categorias acima, existem também empresas mais simples, dedicadas exclusivamente à entrega (distribuidoras) ou coleta de cargas (empresas de coleta) e a realizar exclusivamente as transferências para as transportadoras (empresas frotistas).

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