Estudo de caso:
Voando
por instrumentos.
Como a Embraer usa a
realidade virtual acelerar o desenvolvimento de suas aeronaves e chegar mais
rápido ao mercado. (GUROVITZ 2007)
Ninguém nunca voou nos jatos
da Embraer – o ERJ 170, para 70 passageiros e o ERJ 190, para 90 passageiros.
Nem poderia, porque não há nenhum pronto. Ainda assim, a companhia aérea
Crossair, da Suíça, já encomendou 160 aviões, 80 de cada modelo, e, dessas encomendas
60 são irrevogáveis. O valor de contrato da Crossair é de 4,9 bilhões de
dólares. Como pode uma empresa se comprometer a gasta tanto para comprar
produtos que nem estão na linha de produção? Resposta: embora eles não existam
fisicamente, eles já existem dentro do computador.
Desde fevereiro, a Embraer
esta usando um dos mais modernos centros de realidade virtual do mundo para
exibir os novos modelos para potenciais compradores. Diante de uma tela de mais
de seis metros de comprimento e quase dois metros e meio de altura, o visitante
usa óculos 3D para ver o avião. Ele pode
passear pelo corredor e escolher a cor do estofado ou a pintura da parte
externa, que muda de acordo com o comando do computador. Também, pode ao entrar
na cabine, vestir um capacete e luvas sensíveis para manusear os equipamentos.
Apenas cerca de 20 empresas do setor de manufatura tem tecnologia semelhante.
Mas o que significa um
investimento de 1,6 milhão e dólares nos equipamentos e programas de computador
que parece cenário de videogame para adultos. Trata-se de tecnologia virtual
para quem esta no negocio de aviões, o tempo de resposta ao mercado. Graças ao
centro de realidade virtual, a Embraer pretende levar 38 meses no
desenvolvimento do ERJ 170, O modelo anterior, o ERJ 145, levou cinco anos e
meio para ficar pronto.
A medida que as cerca de 50
000 peças do avião pela equipe de 500 engenheiros, o modelo virtual da aeronave
vai crescendo dentro do computador. É possível então testar os encaixes das
peças e toda a interação entre as diferentes partes do avião sem ter um único
modelo físico. “Já podemos sair produzindo o avião em serie com as primeiras
peças que saírem da fabrica”, diz Satoshi Yokota, vice-presidente industrial da
Embraer. “Antes, eram necessários vários desenhos, ensaios e maquetes”.
Para entender a aceleração
da aeronave, preste atenção na história a seguir: Um dos componentes dos mais
caros do jato se chama unidade auxiliar de potência, conhecida pela sigla
inglesa APU. Trata-se de uma espécie de gerador que mantem o ar
condicionado e a energia elétrica funcionando quando o avião
esta no solo, dá a partida no motor e
serve serve de fonte suplementar durante o voo. Fabricada pela americana
Hamilton Sundstrand, a APU, chega a custa um decimo do motor do avião, algo na
casa de centenas de milhares de dólares. A APU dos novos jatos da Embraer fica
no fundo da aeronave e se encaixa na parte traseira, cujo o projeto estrutural
é elaborado pela espanhola Gamesa.
Durante o desenvolvimento, os
engenheiros da Gamesa e da Hamilton Sundstrand não chegavam a um acordo sobre o
encaixe da APU. “Ficava muito difícil, no projeto inicial, acessar a APU nas tarefas
de manutenção”, diz Yokota. “Examinando os desenhos de 2D, era quase impossível
entender o problema. Com a visualização e 3D, ele ficou evidente”. Em poucos
minutos os projetistas, das 2 empresas
chegaram ao um acordo. Se fosse esperar por um modelo físico, o problema só
seria detectado depois de mais de três meses o que atrasaria todo o projeto.
Um jato regional, a
manutenção rápida é uma das exigências do mercado, pois o avião, fica pouco
tempo parado nos aeroportos mais longínquos e menos equipados. “A realidade
virtual também acelera o aprendizado”, diz Yokota. “O mecânica fica
familiarizado com ele antes dele ficar pronto”. A rapidez do atendimento a esse
tipo de demanda é um dos ingredientes cruciais para quem fabrica aviões. Um mês
de atraso pode significar encomendas perdidas ou prejuízos financeiros. Os
aviões da Crossair, por exemplo, estão prometidos para 2001. A impontualidade
da entrega pode ser punida com multa contratual.
Assim que ficar pronto o
projeto da ultima peça, estará pronto o 1º avião, a um custo estimado a 40
milhões de dólares. Esse valor refere-se apenas a uma aeronave, o custo de todo
desenvolvimento é estimado a 800 milhões de dólares ( à medida que vai sendo
fabricada cada unidade, o custo vai caindo até chegar uns 20 milhões de
dólares). Logo depois dos voos de homologação, a Embraer firma estar pronta
para as entregas. “Assim que for homologado, já estaremos soltando o pão da
fornalha”, diz Yokota. “Antes só podíamos entregar os jatos depois de 9 meses,
agora, é uma parto instantâneo.”
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