quarta-feira, 22 de abril de 2015

Estudo de caso:

Estudo de caso:
Voando por instrumentos.
Como a Embraer usa a realidade virtual acelerar o desenvolvimento de suas aeronaves e chegar mais rápido ao mercado. (GUROVITZ 2007)
Ninguém nunca voou nos jatos da Embraer – o ERJ 170, para 70 passageiros e o ERJ 190, para 90 passageiros. Nem poderia, porque não há nenhum pronto. Ainda assim, a companhia aérea Crossair, da Suíça, já encomendou 160 aviões, 80 de cada modelo, e, dessas encomendas 60 são irrevogáveis. O valor de contrato da Crossair é de 4,9 bilhões de dólares. Como pode uma empresa se comprometer a gasta tanto para comprar produtos que nem estão na linha de produção? Resposta: embora eles não existam fisicamente, eles já existem dentro do computador.
Desde fevereiro, a Embraer esta usando um dos mais modernos centros de realidade virtual do mundo para exibir os novos modelos para potenciais compradores. Diante de uma tela de mais de seis metros de comprimento e quase dois metros e meio de altura, o visitante usa óculos 3D  para ver o avião. Ele pode passear pelo corredor e escolher a cor do estofado ou a pintura da parte externa, que muda de acordo com o comando do computador. Também, pode ao entrar na cabine, vestir um capacete e luvas sensíveis para manusear os equipamentos. Apenas cerca de 20 empresas do setor de manufatura tem tecnologia semelhante.
Mas o que significa um investimento de 1,6 milhão e dólares nos equipamentos e programas de computador que parece cenário de videogame para adultos. Trata-se de tecnologia virtual para quem esta no negocio de aviões, o tempo de resposta ao mercado. Graças ao centro de realidade virtual, a Embraer pretende levar 38 meses no desenvolvimento do ERJ 170, O modelo anterior, o ERJ 145, levou cinco anos e meio para ficar pronto.
A medida que as cerca de 50 000 peças do avião pela equipe de 500 engenheiros, o modelo virtual da aeronave vai crescendo dentro do computador. É possível então testar os encaixes das peças e toda a interação entre as diferentes partes do avião sem ter um único modelo físico. “Já podemos sair produzindo o avião em serie com as primeiras peças que saírem da fabrica”, diz Satoshi Yokota, vice-presidente industrial da Embraer. “Antes, eram necessários vários desenhos, ensaios e maquetes”.
Para entender a aceleração da aeronave, preste atenção na história a seguir: Um dos componentes dos mais caros do jato se chama unidade auxiliar de potência, conhecida pela sigla inglesa APU. Trata-se de uma espécie de gerador que mantem o ar condicionado  e a  energia elétrica funcionando quando o avião esta no solo, dá  a partida no motor e serve serve de fonte suplementar durante o voo. Fabricada pela americana Hamilton Sundstrand, a APU, chega a custa um decimo do motor do avião, algo na casa de centenas de milhares de dólares. A APU dos novos jatos da Embraer fica no fundo da aeronave e se encaixa na parte traseira, cujo o projeto estrutural é elaborado pela espanhola Gamesa.
Durante o desenvolvimento, os engenheiros da Gamesa e da Hamilton Sundstrand não chegavam a um acordo sobre o encaixe da APU. “Ficava muito difícil, no projeto inicial, acessar a APU nas tarefas de manutenção”, diz Yokota. “Examinando os desenhos de 2D, era quase impossível entender o problema. Com a visualização e 3D, ele ficou evidente”. Em poucos minutos os projetistas, das 2  empresas chegaram ao um acordo. Se fosse esperar por um modelo físico, o problema só seria detectado depois de mais de três meses o que atrasaria todo o projeto.
Um jato regional, a manutenção rápida é uma das exigências do mercado, pois o avião, fica pouco tempo parado nos aeroportos mais longínquos e menos equipados. “A realidade virtual também acelera o aprendizado”, diz Yokota. “O mecânica fica familiarizado com ele antes dele ficar pronto”. A rapidez do atendimento a esse tipo de demanda é um dos ingredientes cruciais para quem fabrica aviões. Um mês de atraso pode significar encomendas perdidas ou prejuízos financeiros. Os aviões da Crossair, por exemplo, estão prometidos para 2001. A impontualidade da entrega pode ser punida com multa contratual.

Assim que ficar pronto o projeto da ultima peça, estará pronto o 1º avião, a um custo estimado a 40 milhões de dólares. Esse valor refere-se apenas a uma aeronave, o custo de todo desenvolvimento é estimado a 800 milhões de dólares ( à medida que vai sendo fabricada cada unidade, o custo vai caindo até chegar uns 20 milhões de dólares). Logo depois dos voos de homologação, a Embraer firma estar pronta para as entregas. “Assim que for homologado, já estaremos soltando o pão da fornalha”, diz Yokota. “Antes só podíamos entregar os jatos depois de 9 meses, agora, é uma parto instantâneo.” 

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